A construção da imagem do “bom trabalhador” português em França par Inês Espirito Santo

Nos anos 1960 e no início dos anos 1970, Portugal testemunhou um dos maiores movimentos populacionais de saída do país. Cerca de 700 000 portugueses chegaram a França nesses anos[1]. Nos anos onde esse fluxo foi mais intenso, mais de dois terços dessas pessoas saíram do país clandestinamente, cuja viagem ficou conhecida pelo nome o “Salto”, perigo do trajeto e pelas más condições de alojamento nos bidonvilles às portas de Paris. Ainda assim a inserção no mercado de trabalho francês nesse período foi facilitada pela conjuntura socioeconómica favorável da França, encontrávamo-nos então no auge dos chamados “Trinta Gloriosos”. Segundo alguns testemunhos de emigrantes chegados a França nesses anos [2], recrutadores com propostas de trabalho esperavam os portugueses na fronteira logo que estes pisavam território francês.

Atualmente, segundo os últimos dados disponíveis, 599 333 pessoas nascidas em Portugal residem em França [3]. Destes, a população ativa tem uma taxa de desemprego bastante baixa quando comparada com outras nacionalidades nesse país. A imagem do português imigrante que se investe sobremaneira no seu trabalho é aceite como característica coletiva da população imigrante portuguesa em França, tornando-se um dos referentes a partir dos quais os portugueses elaboram e falam do seu trajeto migratório em comparação com outros trabalhadores. Um retrato socioprofissional representativo da população portuguesa é facilmente singularizado na paisagem francesa, cujas características principais são um nível de escolarização muito baixo e uma inserção no mercado de trabalho muito segmentada em termos de género e de sectores de atividade, situados na cauda da escala socioprofissional francesa. Esta inserção profissional e chegada maciça ao território francês nos anos 1960/70 encontra-se no âmago de todos os processos de construção das imagens às quais a emigração portuguesa se encontra associada em França, mas ela não constitui o único fator explicativo. Certas instituições, através do seu papel na sociedade, mas também pela influência que exercem sobre o poder político em matéria de imigração, contribuem na modelação de espaços representacionais e, consequentemente, na orientação de certas práticas. É o caso do discurso do patronato francês em relação à população estrangeira.

Convocar as fontes do passado, explorando por exemplo arquivos da Conseil National du Patronat Français (CNPF) [4] pode dar algumas pistas de compreensão sobre a construção de imagens dos portugueses trabalhadores em França. Através de um discurso menos fraturante do que o discurso de algumas instâncias governamentais que diferenciavam numa lógica divisionista os imigrantes segundo uma suposta melhor capacidade de integração dos portugueses em relação aos argelinos, o CNPF deu uma atenção especial aos portugueses a partir da questão do alojamento. Este interesse ganhou força com a polémica que se gerou no início dos anos 1970 em torno da insalubridade dos alojamentos dos portugueses e, sobre a qual a opinião publica apelava à responsabilidade do patronato quanto às condições de habitação dos trabalhadores imigrantes.

A situação dos imigrantes portugueses nos bidonvilles às portas de Paris, embora representasse apenas uma parte dessa população, inspirou a argumentação do CNPF de uma forma particular: os imigrantes portugueses em razão de dispositivos psicológicos preferiam condições medíocres de alojamento em detrimento de investir mais dinheiro na habitação para melhorá-las. O conceito “poupança”, característica por excelência desta população, não deixava assim lugar a nenhuma outra consideração mais material, tal como o problema dos baixos salários e rendas altas, ou ainda a dificuldade de acesso ao processo administrativo de pedido de alojamento social.

Tanto o “regresso” como a “poupança”, constituem um vocabulário que é sistematicamente associado à existência do imigrante, em virtude da sua estadia supostamente provisória no território nacional [5]. No caso da imigração portuguesa, a poupança ocupou um espaço importante, incluindo nas ciências sociais, tornando-se o fator explicativo, por vezes absoluto, das condições de vida e comportamentos dos trabalhadores imigrantes portugueses. O termo “poupança” desdobra-se numa dupla significação: as “economias” feitas à custa de um mau alojamento e ao princípio de vida “trabalhar mais para ganhar mais”. O imigrante português estaria pronto a sacrificar o seu bem-estar, submetendo-se incansavelmente ao trabalho, sem horários. Com o fim da época do pleno emprego, as diretivas, o recrutamento e as políticas diferencialistas entre populações estrangeiras acentuaram-se: mais que trabalhador era necessário ser “bom trabalhador” para guardar o seu lugar na estrutura socioprofissional francesa. Esta engrenagem construiu-se pela demonstração de uma pertença coletiva em oposição a supostos traços culturais das diferentes populações, estando sobretudo associada à gestão discriminatória da mão-de-obra nos sectores de atividade com uma percentagem elevada de imigrantes.

É sempre difícil restituir em toda a sua complexidade o caminho que leva à legitimação da imagem de uma população. As pistas avançadas tornam menos opacos os canais de difusão através das quais a imagem do “bom trabalhador” português em França se difundiu e quais foram as condições que a autorizaram. Elas permitem subtrair a qualidade do “bom trabalhador” ao lugar comum culturalista, segundo a qual a boa performance dos trabalhadores portugueses no trabalho seria profundamente ancorada na sua cultura. Perante as representações dominantes, para aqueles que trabalham no sector da construção ou para aquelas que trabalham no sector dos serviços domésticos, a imagem do “bom trabalhador” tem um sentido prático profissional. É também nestes meios profissionais que as condições de trabalho e a concorrência com outros trabalhadores imigrantes é mais exacerbada, conduzindo à representação do papel que lhes é concedido.

Notas

[1] Recenseamento da população em França, 1975. A França torna-se assim o primeiro destino da emigração portuguesa em detrimento do Brasil que foi durante muito tempo o destino privilegiado. Segundo o recenseamento da população em França de 1975, os portugueses representavam 22% da população estrangeira em França, situando-se em frente dos argelinos que representavam nessa época 20%.

[2] Espírito Santo, I. (2013), Du clandestin au citoyen européen. Quand les immigrés portugais font figure de travailleurs, France 1962 2012, Tese de doutoramento da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.

[3] Recenseamento da população em França, 2012. Fonte Observatório da Emigração: <http://observatorioemigracao.pt>

[4] O Conseil National du Patronat Français (CNPF) foi criado em 1945 e tornou-se o Mouvement des Entreprises de France (MEDEF) em 1997.

[5] Sayad, A. (2006), L’immigration ou Les paradoxes de l’alterité : Tome 1, L’illusion du provisoire, Paris: Raisons d’agir.

 

Texte originellement publié dans le blog barometro : http://barometro.com.pt/archives/2051

JOAQUIM PALMINHA SILVA (1945-2015)

Faz hoje um mês que faleceu no hospital de Évora Joaquim Maria Palminha Silva. No dia seguinte, debaixo dum sol esplêndido e frio, foi a sepultar no cemitério dos Remédios, na entrada ocidental da cidade, essa mesma que ele tantas vezes visitava à procura das marcas próximas da sua infância. Antes houve missa de corpo presente numa daquelas igrejas soturnas e barrocas da cidade, tão sombrias e desoladas, a de São Tiago, com uma homilia aceitável para um homem que, não recusando o evangelho que recebera na infância, castigava com o riso a dogmática da Igreja. O ponto emocionante foi porém o instante em que dois familiares se adiantaram para cantarem a conhecida música de Jacques Brel, “Ne me quitte pas” em homenagem ao homem que partia para sempre.
Joaquim Palminha Silva, nascido em Évora a 16 de Outubro de 1945, estudou nos Salesianos desta cidade, escola e instituição à qual viria a dedicar um dos seus conscienciosos estudos históricos, e desde cedo se mostrou um ágil publicista adverso à situação. As suas simpatias iam então para o Partido Comunista Português. Começou por escrever numa folha eborense, Democracia do Sul, cuja história está ainda por fazer, mas logo passou aos jornais lisboninos assinando artigos e notas nas páginas do Diário de Lisboa e do República, onde conheceu Francisco Quintal, com quem mais tarde fará amizade próxima. Incorporado no exército em 1966 e mobilizado para a Guiné em 1967, Palminha Silva opta por desertar, entrando em ruptura indefectível com o Partido, cuja política era contrária à deserção.
Sem apoio político, sem papéis, isolado e procurado pelas autoridades militares e civis, vive cerca de meio ano clandestino numa pensão pobre do Bairro Alto, até que em Junho de 1968 consegue passar a salto para França, numa fuga inaudita que ele avaliava a rir como o lance mais romanesco da sua vida – fértil em inenarráveis transes rocambolescos. Em Paris, onde conviveu com João Freire, Hipólito dos Santos, José Maria Carvalho Ferreira e tantos outros, sequioso de acção, ingressou na LUAR, de que se tornou operacional a tempo inteiro. Lastima-se apenas que mais tarde, nos anos de sossego que ainda gozou, não tenha escrito o memorial desses tempos tão ricos de acção, de encontros, de lances caricatos e aventurosos, que dariam na verve saborosa da sua pena páginas vivíssimas e cheias de humor.
Com o golpe militar de Abril e a Revolução dos Cravos, Palminha Silva regressa a Portugal, acabando por cumprir o serviço militar em falta em Angola e concluindo o curso de História na Faculdade de Letras de Lisboa. Ingressa então no Ministério dos Negócios Estrangeiros, e nessa qualidade faz várias investigações, uma dedicada à actividade consular de Eça de Queiroz em Havana, até que transita para a administração regional a pedido do município de Cuba, no Baixo Alentejo, onde se dedicou ao estudo e à divulgação do escritor Fialho de Almeida. Fundou nessa época com outros cubenses a associação cultural “Fialho de Almeida”, que publicou dois admiráveis boletins e ainda hoje existe por porfiados esforços da Professora Francisca Bicho.
Reformado da administração regional, regressou à cidade natal, onde fez estudos locais invulgares, como esse trabalho que dedicou às marcas esotéricas dos monumentos de Évora, num livro singular, pensado e escrito ao arrepio de modas, que titulou Évora Oculta. O seu espólio, riquíssimo de notas sobre a cidade, só comparável ao de Túlio Espanca, foi doado há anos ao Município de Évora, sem que este, ao que entendi, se desse sequer ao trabalho de se fazer representar na sua despedida. Ai a gratidão humana é tão pouco exemplar!
Tive a felicidade de beneficiar ainda do convívio e do conselho deste homem mais velho uma geração. Depois do 25 de Abril foi colaborador regular da imprensa libertária e recordo-o, de gabão largo e palavra fácil, na década de 80 do século passado num encontro da revista A Ideia. Um estudo seu, sobre a figura do Mafarrico na cultura oral portuguesa, tema dilecto dele, acaba de ser publicado no número 75/76 d’ A Ideia; pouco antes de falecer, já irremediavelmente doente, ainda me entregou para publicação novo estudo, mais uma vez sobre as marcas do Diabo na cultura popular, que terá sido dos últimos que escreveu e que em sua homenagem a revista dará a lume no ano de 2016.
António Cândido Franco
Évora, 15 Dezembro de 2015

EXILS – Témoignages d’exilés et déserteurs portugais en Europe (1961-1974) par Rui Bebiano

Ce texte est le préface du Livre d’exils, en phase d’édition, qui sera publié par l’AEP61/74. Il est signé par Rui Bebiano, historien, professeur d’Histoire contemporaine à L’Université de Coimbra et chercheur au Centre d’études sociales (CES). Depuis juin 2011, il est directeur du Centre de Documentation 25 avril, de l’Université de Coimbra.

Témoignages d’exilés et déserteurs portugais en Europe (1961-1974)

Expérience et mémoire de la désertion et de l’exil Pour commencer

« Quelqu’un peut-il être ce qu’il n’est pas ? Quelqu’un peut-il être ce qu’il n’est pas ? Quelqu’un peut-il être ce qu’il n’est pas ? »Quand j’ai commencé à lire les textes qui composent ce livre, je me suis souvenu du refrain d’une chanson que Sergio Godinho avait inclus, en 1972, dans son album « Pré-histórias » [« Pré-histoires »].

Cette même année, j’ai été arrêté au cours d’une manifestation contre la guerre coloniale et j’ai senti immédiatement que mon destin était tracé : la fiche de renseignement de la PIDE-DGS [police politique] allait m’empêcher de poursuivre mes études, et si je n’étais pas envoyé à Caxias [prison politique située près de Lisbonne], on m’incorporerait à l’armée, dans un bataillon destiné à partir en Afrique. Comme je ne pourrais cesser d’être qui j’étais, je choisirais la désertion et l’exil, comme bien d’autres avant moi.

Mais le récit de cet épisode personnel attendra la fin de ce texte. Ce qui importe pour l’instant c’est de souligner que le chemin de la désertion paraissait alors évident, presque inévitable pour beaucoup de ceux, dont certains prennent la parole dans ce livre, qui ont décidé de ne pas trahir leur conscience et la confiance de ceux qui, comme eux, n’ont pas accepté de pactiser avec une guerre injuste et un gouvernement tyrannique.

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Les « bons » et les « mauvais » par Hugo Dos Santos

Chaque année il semble que la situation des migrants en Europe ne peut empirer. Force est de constater que « nos » sociétés évoluent sans cesse vers ce pire : racismes en tous genres, islamophobie, antisémitisme, industrialisation du contrôle des frontières, floraison du système concentrationnaire des migrants, quartiers populaires délaissés et méprisés et renforcement des communautarismes. En bout de course, les conditions de vie inhumaines des Roms, « infra-étrangers » sur tout le continent.
Mais comme dit l’adage, répété avec emphase dans le film La Haine de Mathieu Kassovitz « l’important c’est pas la chute, c’est l’atterrissage »… Au vu de la société d’aujourd’hui, quelle société aurons-nous demain ? Quelle forme prendra l’atterrissage du processus régressif que nous subissons depuis des années ?

Comme son nom l’indique, notre association « Mémoire Vive/Memória Viva », puise dans le passé des dynamiques pour construire pour l’avenir. Autrement dit, la construction d’une société plus solidaire dépendra nécessairement de la restitution collective de la mémoire de l’immigration. Gageons donc que notre « raison d’être » est encore plus urgente qu’hier si nous voulons pas finir dans le mur.

En cette rentrée 2015, nous pourrions commencer par rappeler qu’il n’existe pas de « bons » et de « mauvais » immigrés. Qu’il n’existe pas d’opposition entre « Réfugiés », « Migrants », Syriens, Kosovars, Sénégalais ou Erythréens. Jadis, la différence était marquée entre les « immigrés portugais économiques » (fuyant la misère) et les « immigrés portugais politiques » (fuyant la dictature de Salazar). Différenciation artificielle qui marquait souvent une différence de classe sociale, et le mépris d’une classe de migrants envers une autre. Nous retrouvons aujourd’hui la même rhétorique dans la présentation des « réfugiés syriens » (présentés parfois comme une main d’oeuvre qualifiée, assimilable et s’opposant la dictature de Bachar El-Assad) et les « migrants » s’échouant – ou se noyant – en Méditerranée.

Comme le dit le narrateur du film « La photo déchirée » de José Vieira (film emblématique de l’histoire de l’immigration portugaise en France), « l’émigration portugaise des années 60 fût un plébiscite par les pieds contre la politique de Salazar ». C’est à dire que l’émigration économique de ces années-là, presque entièrement illégale et clandestine, était éminemment politique. Risquons-nous donc à déclarer – forts de notre expérience – que l’émigration en général, notamment lorsqu’elle est massive, est toujours un plébiscite par les pieds contre une politique locale ou internationale.
Ainsi, les « migrants » du Sénégal ou les Roms de Roumanie sont aussi légitimes et humains que les « Réfugiés » syriens (qui sont techniquement des futurs « demandeurs d’asiles »).

Invoquons nos expériences d’émigration et appelons à redéfinir correctement ce vocabulaire, ce lexique, qui divise plus qu’il ne définit. Enfin, affirmons également qu’il n’existe pas de traitement « humain » des migrants sans une ouverture des frontières et une fermeture des centres de rétention !

Tomada de posição de um grupo de cientistas sociais da área das migrações

Tomada de posição de um grupo de cientistas sociais da área das migrações

por Alexandre Abreu, Beatriz Padila, Cristina Santinho, Francesco Vachiano, Inês Espírito Santo, Joana Azevedo, João Baía, Jorge Malheiros, José Mapril, Raquel Matias, Ricardo Falcão, Rui Pena Pires

A União Europeia vive actualmente aquela que é sem dúvida uma das maiores tragédias desde que, com a assinatura do Tratado de Roma em 1957, a livre circulação foi instituída como um dos princípios fundamentais da Comunidade Europeia. Na origem desta tragédia encontram-se a intensificação dos conflitos no Médio Oriente e Norte de África na última década e meia (nomeadamente no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e Palestina), o êxodo populacional que estes conflitos têm provocado e a desregulação dos sistemas de controlo nos países de origem.

Porém, o carácter especialmente trágico de que se reveste a actual crise deve-se também sobremaneira a factores que se situam do lado da própria União Europeia – designadamente a crescente militarização das suas fronteiras exteriores e a tendência para a securitização da mobilidade humana.

A concretização do princípio da livre circulação no contexto da implementação do Acordo de Schengen de 1990 fez-se acompanhar, de forma apenas aparentemente paradoxal, por um reforço sem precedentes do controlo e vigilância das fronteiras exteriores – e estas restrição e militarização crescentes do acesso ao espaço europeu constituem causas fundamentais da tragédia humanitária em curso, na medida em que vieram limitar decisivamente o universo de estratégias disponíveis para concretização das intenções de fuga e acesso.

Ao mesmo tempo, e a um outro nível, esta tragédia constitui também um resultado da concepção securitária da mobilidade humana que se generalizou na União Europeia nas últimas décadas. Em termos simples, esta securitização tem consistido na gradual substituição, nos discursos político, jurídico e mediático, da figura do migrante «trabalhador» pela figura do migrante potencialmente «criminoso» – tendência que se tem manifestado a uma série de níveis, da proliferação da classificação da mobilidade humana predominantemente em termos da sua «regularidade» ou «irregularidade» ao enquadramento político e institucional da mobilidade humana sob a tutela da justiça e segurança.

Como temos podido verificar nestas últimas semanas, esta tendência tem contribuído para que se desenhem linhas divisórias entre pessoas e para que se reforce a percepção da circulação humana como ilegítima, o que não tem deixado de introduzir uma clara e perigosa tensão entre o exercício de soberania nacional e os direitos humanos universais que a própria Europa diz defender e promover. A amplitude do movimento migratório dos últimos anos, bem como as condições da travessia do Mediterrâneo ou por terra que lhe estão associadas, não nos deixam impassíveis.

Nós, investigadores na área das migrações, recusamos legitimar qualquer política de confinamento das pessoas que impeça o exercício do direito fundamental a procurar algures um presente e um futuro melhor. Recusamos compactuar com a instrumentalização do medo e da emoção assente num racismo culturalista dirigido a imigrantes/refugiados que são classificados como «perigosos» com base em critérios de diferença racial ou religiosa.

Recusamos a falsificação histórica que representa a Europa como marcada por uma identidade homogénea e todas as narrativas artificiais que inventam e propagam valores exclusivos. Recusamos assistir passivamente a discursos que reforçam a necessidade de medidas securitárias, levando à legitimação de instrumentos desumanos e violentos como as rusgas de imigrantes, os centros de expulsão e as deportações.

Exigimos, pelo contrário, um debate com maior transparência, que não ignore os impactos sociais e humanos das políticas económicas europeias nos países do Sul global ou as responsabilidades especificamente europeias nas intervenções militares que têm destruído e desestabilizado muitos desses países.

Exigimos que esta crise origine uma reflexão alargada e aprofundada sobre as consequências nefastas da militarização das fronteiras exteriores da União Europeia e da securitização da mobilidade humana. Exigimos ainda que todos os procedimentos relacionados com os imigrantes e refugiados sejam conduzidos com transparência e respeito pelos direitos humanos.

Enquanto investigadores de diferentes ciências sociais como a Sociologia, Antropologia, Geografia, Economia, Ciência Política podemos e devemos dar o nosso contributo para uma reflexão crítica que urge sobre esta realidade, seja na participação no actual debate público ou na tomada de posição para uma sociedade mais plural e inclusiva. sábado 10 de Outubro de 2015

La révolution des œillets… et les déserteurs d’avant! par Artur Monteiro

Par Artur Monteiro

Les déserteurs et insoumis de l’armée de Salazar

C’est en 1975 que les colonies sous domination portugaise se sont libérées et obtenues l’indépendance. Ce fût une des conséquences de la révolution des œillets du 25 avril 1974. Et si la chute d’une des plus vieilles dictatures de l’Europe est l’œuvre des «capitaines d’avril», qui se sont révoltés contre la guerre coloniale, la misère du peuple Portugais, obligé d’émigrer, et pour la démocratie, les déserteurs et insoumis de l’armée portugaise y ont aussi leur part.

C’est à partir de 1961 que la guerre s’est intensifiée et très vite des jeunes insoumis (partant clandestinement du pays avant d’être appelés -le service obligatoire était de quatre ans où, après les classes ils étaient envoyés en Guinée-Bissau, Angola, Mozambique…) ont préféré le chemin de l’émigration plutôt que celui du service militaire.

Beaucoup pour des raisons économiques, mais aussi un grand nombre par opposition à cette guerre où l’État Nouveau de Salazar avec la bénédiction de l’Église Catholique (dans une nouvelle croisade), voulait imposer son rôle civilisateur et perpétuer l’empire colonial. Le régime de Salazar «orgueilleusement seul » dans le concert des nations, affichait fièrement la «race portugaise» (fêtée le 10 juin).

Hommage aux déserteurs

Pour ces quarante ans de la fin de la guerre coloniale, l’Association Memoria Viva [http://www.memoria-viva.fr/category/actualite/] a décidé de rendre hommage aux 100.000 («L’armée portugaise évalue à 150 000 le nombre de jeunes s’étant soustrait au service militaire -sous toutes ses formes-»), réfractaires et déserteurs qui ont par leur décision et leur geste contribué à affaiblir l’armée de Salazar.

Le nombre d’insoumis, bien plus élevé que celui des déserteurs, signifie aisément l’opposition de la population à la guerre et aux conséquences de cette mobilisation exceptionnelle imposée par le pouvoir. Peut-être pour sauver leur peau mais aussi pour fuir un avenir qui ne leur appartenait pas. Avant le déclenchement de la lutte de libération en Angola, le gouvernement de Salazar avait été confronté à la volonté du gouvernement Indien d’annexer dans son territoire les enclaves de Goa, Damâo et Diu, sous domination portugaise depuis 1510.

L’année 1961 marque donc le début des combats en Angola et la perte du pouvoir colonial sur l’Inde dite portugaise. Dans les années 60, les modalités de la désertion, acte davantage politique que celui des réfractaires (partis avant l’affectation), faisaient débat parmi les militants engagés, essentiellement ceux qui étaient membres ou proches du Parti Communiste Portugais, organisés dans la clandestinité.

Pour les dirigeants du Parti, les jeunes ne devaient pas déserter, au contraire, rester pour y mener la lutte clandestine à l’intérieur de l’armée. Cette position était controversée et Alvaro Morna, déserteur, réfugié en France, journaliste à RFI, avait bien décrit cette dualité, dans son livre «O caminho da Liberdade» (éd Gradiva), déjà traduit qui sortira bientôt en France. Pour beaucoup de jeunes engagés s’exprimait ainsi une certaine ambivalence, désertion politique de l’armée coloniale mais aussi désertion de la lutte à l’intérieur du pays contre le régime de Salazar.

Le réseau d’Alger

Les déserteurs, partaient du Portugal, notamment du Fort de Penamacor, une caserne disciplinaire, où était rassemblés des prisonniers de droit commun mais aussi des jeunes ayant été arrêtés ou poursuivis par la police politique (PIDE). Soit qu’ils traversaient l’Espagne dans des filières de passeurs qui fleurissaient à l’époque, soit que l’aventure les amenait jusqu’en Afrique du Nord, à partir de la province d’Algarve, à destination du Maroc ou de l’Algérie.

Sur le terrain des opérations, notamment en Guinée-Bissau, bon nombre de déserteurs ont bénéficié du soutien logistique de la voisine Guinée-Conakry, de Sékou Touré, indépendante depuis 1958. Les mouvements de Libération, PAIGC (Guinée-Bissau),MPLA (Angola) FRELIMO (Mozambique) ont à leur tour apporté leur aide, malgré les conditions de lutte très difficiles face à une armée sanguinaire (pas plus que les autres, mais avec le comportement d’une armée d’occupation et raciste).

Entre autres, on peut souligner un réseau de soutien qui passait alors par Alger, où une base contre la dictature de Salazar développait une importante activité. Autour de quelques figures historiques comme le poète Manuel Alegre ou le journaliste Piteira Santos, la Radio « Voz da Liberdade » (voix de la liberté), clandestine, très écoutée au Portugal, environ une demi-heure par jour, a permis d’informer et d’organiser des réseaux de soutien.

Les comités de soutien

En France les associations d’émigrés deviennent de véritables services d’accueil, d’accompagnement social et professionnel. Les partis politiques, notamment le PSU, à travers quelques personnalités ont beaucoup soutenu la création de ces réseaux. Le PCF suivait la position du parti frère du Portugal et, on note surtout des soutiens à la faveur de rencontres ou de noyaux plus ou moins officieux.

C’est ainsi, que je peux témoigner de l’aide de Henri Charpentier, médecin au dispensaire du journal L’Humanité (alors Bd Poissonnière à Paris) qui a accueilli des jeunes portugais déserteurs et insoumis, surtout entre 1966 et 1970, les aidant en termes de soins mais aussi facilitant des contacts, même si ce n’était pas tout à fait la ligne du Parti. Plusieurs comités ont vu le jour, souvent à l’initiative d’anciens résistants, comme Marcel Moiroud.

Le Comité de Soutien aux déserteurs portugais a également bénéficié de l’engagement dePierre Sorlin, qui a donné son nom pour la légalisation du comité, à une période où le ministre de l’intérieur, Raymond Marcelin, était particulièrement répressif envers les militants de gauche et d’extrême-gauche.

La presse portugaise pour l’émigration comme O Salto, Jornal Português, (et beaucoup d’autres, notamment dans la mouvance des groupes politiques d’alors) se référait en permanence à la guerre coloniale et à toute solidarité envers les peuples en lutte pour leur indépendance et les jeunes qui refusaient de participer à la guerre.

Des journaux plus engagés comme O Alarme, souvent ronéotypés, appelaient à la désertion voire une «désertion révolutionnaire» avec son arme, pour « affaiblir l’armée de la bourgeoisie » mais aussi dans la perspective d’une «lutte contre le fascisme portugais les armes à la main» (in luta, bulletin du comité de apoio).

Tout ceci peut paraître ‘abscons’, tellement ces réalités sont aujourd’hui distantes et incompréhensibles. Il est important de situer dans le contexte de l’époque, d’une part la dictature quoique vieillissante, la plus ancrée en Europe, des luttes importantes de libération en Amérique Latine, la Tricontinentale de François Maspero, le conflit sino-soviétique pour une « croyance révolutionnaire » rigoureuse dans la vertu idéologique, nourrissaient aussi les divergences et les engagements dans la communauté politique portugaise. Son ambition, et sa mission, était de mobiliser les milliers de migrants économiques portugais en France (mais aussi au Luxembourg, en Belgique, en Suisse…)

La Cimade

Moins politique -partisan- mais fort important c’est l’engagement de la Cimade auprès des jeunes migrants portugais des années 60. Sans distinction, un soutien était apporté aux premiers réfugiés des colonies portugaises mais aussi, à cette époque, aux opposants à l’occupation de la République Dominicaine par les américains en 1965. Également des Haïtiens, victimes du dictateur Duvalier.

C’est ainsi que j’ai rencontré au Foyer d’hébergement à Massy (Essonne) les premiers exilés de l’Amérique Latine dont quelques brésiliens suite au coup d’État militaire en 1964. A son bureau de la Cimade, rue de Grenelle, dans le septième à Paris, une femme va jouer un rôle très important dans le soutien à cette jeune immigration, en partie constituée d’étudiants, mais aussi jeunes ouvriers et employés, devenus exilés politiques ou opposants à la guerre.

Hélène Scob a mené un travail remarquable, dans le respect des convictions tout en percevant les différentes sensibilités et les engagements de ces nouveaux venus. A l’époque une carte de travail venait dans la suite du récépissé de la police et Madame Scob a beaucoup orienté, notamment vers la Régie Renault (ce fût mon cas). En quelque sorte des « établis » avant l’heure, qui militaient en usine, avec ce passage pour régulariser la situation administrative bien plus accessible à ce moment là.

L’hommage de Mémoria Viva/Mémoire Vive, me semble une initiative opportune pour susciter des études approfondis sur cette frange importante de l’immigration portugaise. Une documentation volumineuse existe sur ce mouvement qui, à sa façon, à participé à l’avènement du 25 avril.

Un militant qui a beaucoup œuvré à cette période, dès le début des années 60, Vasco Martins (qui a été notamment professeur-formateur à Renault) a déposé, avec d’autres de ses camarades, un nombre important de journaux et de récits sur les luttes politiques des migrants Portugais, avant et après le 25 avril. C’est à la BDIC (Bibliothèque de documentation internationale contemporaine), située sur le campus de l’université Paris-Ouest Nanterre La Défense, que beaucoup de documents peuvent être consultés.

«Povo unido dentro e fora do pais»

L’histoire des deuxième et troisième générations de Portugais en France est, pour beaucoup, liée à ces anciens insoumis ou réfractaires à la guerre coloniale. Un sujet vraisemblablement peu abordé en famille, même s’il est fondateur dans leur installation en France. Cette transmission familiale me paraît essentielle pour mieux comprendre où nous nous situons aujourd’hui.

Ces liens ont aussi à voir avec une certaine population africaine que nous côtoyons aujourd’hui ou les «retornados» qui sont revenus au Portugal il y a précisément quarante ans, en 1975. Une façon singulière de commémorer le 25 avril, en donnant à connaître le récit de ceux qui, en quittant le pays, avaient à leur manière, apporté leur part au mouvement qui a déclenché la chute de la dictature.

«Unido dentro e fora do pais»

(ensemble à l’intérieur et à l’extérieur du pays) était le slogan du MFA (mouvement des forces armées du 25 avril), cela reste une reconnaissance du chemin parcouru par ce peuple.

Cet article a été publié sur le blog d’Autur Monteiro sur Mediapart : http://blogs.mediapart.fr/blog/arthur-porto/220415/la-revolution-des-oeillets-et-les-deserteurs-davant

« Saudades não pagam dívidas » – recueil de textes d’expression émigrée

Traduisant le sentiment de milliers d’hommes et de femmes qui ont dû émigrer ou s’exiler et qui travaillent durement sur le sol français, “Saudades não pagam dívidas” (Les regrets ne compensent pas) est un recueil d’œuvres d’expression populaire, édité à Paris, en 1980, avec le concours de l’Association l’œil étranger.

Il comprend des poèmes recueillis dans les associations ou auprès de poètes anonymes par Yvette Tessard, Manuel Madeira et Alberto Melo. Ils constituent des témoignages authentiques qui alimentent la mémoire collective de l’immigration portugaise en France. Les thèmes apparaissent clairement à travers ces quelques titres: “O salto” (le saut, le passage clandestin de la frontière), ”Despedida” (les adieux), “A terra prometida” (la terre promise), “Máquinas alugadas” (des machines louées), ou encore “A Revolução portuguesa” (la Révolution portugaise).

Nous avons extrait de la partie intitulée « O salto » ce passage du très long poème “A Ilíada do Virgílio” (190 quatrains), écrit par Virgílio Joaquim Antunes, inspiré de la tradition orale, rappelant les chants à la desgarrada au Portugal ou les repentistas du Nordeste brésilien, dans lequel l’auteur nous raconte sa propre épopée:

A vinte e nove de fevereiro

A minha terra abandonei

Não desejo ao meu inimigo

Os martírios qu’eu passei

…..

E depois de todos juntos

Multiplicou a aflição

Entrámos 27 homens

Para dentro de um camião

……

Pão seco foi o que nos deram

E chouriço a acompanhar

Quem sabe se era de cão

Que ninguém lhe pôde pegar

…..

Ao sair do camião

Quase nem sabia andar

Tanto tempo encolhido

Deu quase para engamear

……

Neve com mais d’um palmo d’alto

Lá vão os desventurados

Subindo e descendo serras

Emigrantes desgraçados

…..

Seguimos então o guia

E as boas falas que nos deu

E numa casa mui grande

Lá para dentro nos meteu

…..

Às três e meia da tarde

A Paris fomos parar

Era tal o movimento

Não conseguimos desembarcar

……

Não julguem qu’em França os frangos*

Se apanham no capoeiro

É num deserto ou a voar

Olho vivo e pé ligeiro

…..

Não é abanar uma árvore

E encher um saco de caça

Para arranjar dois tostões

Sabe Deus o que se passa.

* Jeu de mot avec “francos”

La Marche pour l’égalité et contre le racisme « n’est pas assez entrée dans l’histoire » par Mogniss H. Abdallah

par 

Cet article a été publié dans la revue Vacarme

Faut-il « marcher encore » ? Faut-il proclamer : « on ne marche plus ! » ? Les commémorations de la Marche pour l’égalité et contre le racisme ont illustré, jusque dans les œuvres de fiction et les volontés d’héroïsation de cette entreprise collective, la nécessité de lutter pour la transmission de la mémoire et pour l’autonomie des récits sur ce passé encore vif.

Samedi 14 septembre 2013, fête de l’Humanité au parc de La Courneuve. Devant le stand d’AC le feu, association de Clichy-sous-Bois qui donne le coup d’envoi de sa Caravane de la mémoire pour célébrer la Marche pour l’égalité et contre le racisme (du 15 octobre au 3 décembre 1983), une jeune femme ivre titube et s’empare brusquement d’une grande photo emblématique des marcheurs. « Qu’est-ce qu’il sont beaux ! », s’exclame-t-elle, avant de s’affaler dans la gadoue. Remake involontaire du « Beur is beautiful », antienne médiatique d’il y a trente ans ? Sous la tente, imperturbable, une cinquantaine de personnes suit avec assiduité l’intervention d’Abdellali Hajjat, un des rares chercheurs à mener un travail approfondi sur la genèse de la Marche [1].

Cette rencontre-débat, organisée par le collectif « Égalité des droits, Justice pour tou-te-s » constitué au printemps, donne l’impression d’une sortie de l’entre-soi, et qu’une convergence s’opère entre des acteurs très divers concernés par les quartiers populaires. Ils repartiront hélas en ordre dispersé, entre partisans d’agit’prop sans lendemain, initiatives locales (Marseille, Lille-Roubaix, Nantes, etc.) et « Ceux qui marchent encore » [2].

Remarquant l’absence de représentants gaulois du « peuple de gauche » dans l’assistance, quelqu’un soupire : « Ce n’est pas leur histoire. » C’est en effet le seul débat prévu à ce sujet sur l’ensemble de la fête de l’Huma. Manifestement, la Marche ne fait pas, ou pas encore, partie du patrimoine historique du PCF ni de l’extrême-gauche.

La Courneuve n’est pas un lieu anodin au regard de la Marche. La mort du petit Toufik Ouanès, 9 ans, tué à la cité des 4 000 par un habitant irascible parce qu’il faisait du bruit le 9 juillet 1983 (un soir de ramadan), a été pour beaucoup un événement déclencheur. Une partie des marcheurs de 1983 avait d’ailleurs fait étape sur place et déposé une gerbe sur les lieux du drame. Aussi a-t-il été décidé de revenir auprès des communistes de la ville le 10 décembre 2013, à la toute nouvelle Maison de la citoyenneté. Muguette Jacquaint, qui était députée et maire-adjointe de La Courneuve, ne se souvient pas avoir accueilli une délégation de marcheurs à la veille de l’arrivée triomphale à Paris. Que L’Huma dimanche (28 novembre -4 décembre 2013) consacre sa rubrique « Il était une fois » à la Marche ne ravive rien en elle. En revanche, elle se remémore fort bien la mort de Toufik, et sa peur panique que la situation ne s’embrasât. L’air contrit, elle s’interroge encore : « Était-ce vraiment un crime motivé par le racisme ? » Elle penche plutôt pour la thèse de la fatigue d’un travailleur excédé, qui aurait tiré dans le tas, sans viser spécifiquement un jeune Arabe. Mais en quoi cette thèse constituerait-elle une circonstance atténuante ? Tirer indistinctement sur des enfants de sa propre cité, n’était-ce pas ce qui était le plus grave ? Tel était alors le point de vue des familles et des « Folles de la place Vendôme ». Elles revendiquaient la qualification de circonstances aggravantes pour les crimes racistes, mais aussi pour ce type de crimes « sécuritaires ». À l’époque en effet, la loi antiraciste du 1er juillet 1972 ne prévoyait des circonstances aggravantes qu’en cas de délit d’expression raciste, elle ne faisait que compléter les dispositifs régissant l’expression publique et la presse. Plusieurs modifications du Code pénal prises à partir de 1985 permettent désormais de poursuivre les violences à caractère raciste [3].

Trente ans plus tard, on rappelle à Mme Jacquaint que lors de leur périple à travers la France profonde, les marcheurs avaient découvert que « tous les Français n’étaient pas racistes » et que pas plus qu’alors il ne s’agit aujourd’hui de stigmatiser a priori la figure du « beauf », tonton-flingueur en puissance. Ce qui n’efface pas la question du déni : on ne saurait passer sous silence le racisme voire l’islamophobie au nom de la solidarité de classe, comme cela fut le cas pour l’assassin du petit Toufik, soutenu par ses collègues de la CGT-RATP. Le déni était déjà fait central lors de la sortie en 1974 du film Dupont Lajoie. Son réalisateur, Yves Boisset, n’avait pas osé mettre en scène des ouvriers racistes, quand bien même il reconnaissait en avoir rencontré beaucoup.

Il faut inscrire durablement la Marche comme composante pleine et entière de l’histoire du mouvement ouvrier.

Aujourd’hui, ce type de déni est moins supportable encore car les lignes ont bougé. Depuis les marches de 1983 à 1985, le PCF et les organisations de masse qui lui sont proches ont reconsidéré leurs positions, opté pour le droit de vote des résidents étrangers et font davantage de place désormais aux Français « de toutes les couleurs » ainsi qu’aux étrangers avec ou sans papiers. Mais pour conforter cette évolution, il faut inscrire durablement la Marche comme composante pleine et entière de l’histoire du mouvement ouvrier.

L’histoire y incite. Qui se souvient en effet des marches des chômeurs de 1932 — 1933 ? Certes, les marcheurs n’apprécieraient sans doute pas d’être identifiés à des « crève la faim ». Il n’empêche. L’imaginaire populaire a retenu le célèbre « Marche ou crève » de Jacques Prévert des années 1930. Au début des années 1930, on comptait en France plus de 300 000 chômeurs, la crise économique battait son plein. La loi du 10 août 1932 relative à la « protection de la main d’œuvre nationale » fixa des quotas de 5 à 10% de travailleurs étrangers dans les entreprises et, sur ordre gouvernemental, plus de 100 000 mineurs polonais furent expulsés de France par trains entiers. Dans le même temps en Allemagne, des affiches nazies proclamaient : « 500 000 chômeurs. 400 000 Juifs. La solution est très simple… » Elles inspireront le FN des années 1980 qui, sur le parcours même de la Marche, placardait sur les murs : « 2 millions de chômeurs = 2 millions d’immigrés en trop ». La plupart des marcheurs étaient des chômeurs, qui n’auraient pas eu à rougir de l’expérience de leurs prédécesseurs. En effet, ces marches que le public français découvrait à travers les articles de la grande presse ou les luxueuses photos de L’Illustration, constituent une action populaire de référence, qui, par sa tournure spectaculaire, permet de faire exister une cause dans l’espace public et d’en manifester, aux yeux du plus grand nombre, l’urgence et l’importance, loin des négociations de cabinet [4]. L’exemple américain de la Marche vers Washington en août 1963 démontre lui aussi que ce parallèle n’est ni artificiel ni suranné : Noirs et Blancs firent eux-mêmes le lien avec les marches des chômeurs sur Washington en 1931 et 1932. Et dénommèrent leur initiative « marche pour du travail (« jobs ») et la liberté ». Mais ce n’est pas cette dimension unitaire qui a été retenue.

La dimension sociale des marches, leur inscription dans le patrimoine des luttes du travail, a été occultée. Les célébrations ultérieures se sont attachées aux droits civiques et surtout à la figure héroïque de Martin Luther King. Un tribun — il était pasteur baptiste — qui savait aussi bien s’adresser aux Noirs et aux Blancs pour transmettre son message réclamant haut et fort « l’égalité raciale » (« racial justice »).

« En le voyant marcher dans la rue, on ne devinerait jamais qu’en France, il a changé le cours de l’histoire. C’est à ça qu’on reconnaît les vrais héros. »

En France, regrette Rokhaya Diallo, « il n’y a pas dans l’imaginaire populaire la construction de figures historiques de la Marche », « on n’a rien produit en termes d’icône » [5]. Fondatrice de l’association Les Indivisibles, elle a réalisé en 2013 « Les Marches de la liberté » pour les anniversaires concomitants des cinquante ans de la Marche vers Washington et des trente ans de la Marche pour l’égalité en France. Dans ce documentaire, elle met en avant le retour sur la scène publique de Toumi Djaïdja, blessé par un tir policier le 19 juin 1983 et « initiateur de la Marche », comme il se présente lui-même. Pour cela, elle s’appuie sur les propos de trentenaires noirs qui s’auto-désignent comme de jeunes leaders incarnant le « rêve américain » et se veulent les garants de l’héritage du mouvement des droits civiques. Venus s’imprégner des réalités françaises, ils ont tenu à rencontrer le « leader naturel » de la Marche. « En le voyant marcher dans la rue, on ne devinerait jamais qu’en France, il a changé le cours de l’histoire. C’est à ça qu’on reconnaît les vrais héros » (« Les marches de la liberté »). Le journal Le Monde, lui aussi, verse dans la grandiloquence, traçant dans son édition du 12 octobre 2013 le portrait du « leader qui a crevé l’écran ».

Suscitant une fierté légitime et sollicité de toutes parts, Toumi Djaïdja tantôt joue le jeu, tantôt pose un lapin. Le 14 octobre 2013, il sort soudain de son affabilité légendaire pour s’expliquer sur son absence assumée lors de la pose prévue d’une plaque commémorative aux Minguettes, sous les auspices du ministre de la ville. Il se fend d’un communiqué intitulé « Acte de désobéissance civique, pourquoi je ne reçois pas M. Le Ministre François Lamy ». « Pendant 30 ans j’ai nourri l’espoir que l’égalité soit le chantier permanent de la République, celle à laquelle nous aspirons tous. Mais aujourd’hui force est de constater, malgré des avancées certaines, l’inégalité frappe toujours voire plus encore […] Si ce système continue tel quel, il est à parier qu’il court à sa perte. Je suis comme des millions de nos concitoyens une victime de la guerre sociale […] Je ne peux cautionner l’inaction politique en signant un chèque en blanc au gouvernement. Si certains cherchent à capter l’héritage de sympathie suscité par la Marche à travers cette commémoration, cela ne peut se faire à moindre frais. »

Cette sortie tranche avec le message habituellement prêté à Toumi Djaïdja et à la Marche, celui de la « main tendue », appuyant le trait sur « l’amour de la France », « l’idéal moral de l’égalité », voire sur sa dimension humaniste, apolitique et non revendicative, pour « pacifier le débat ». Un discours repris dans son livre d’entretiens avec Adil Jazouli [6].

Adil Jazouli, sociologue et responsable de la mission prospective et stratégie à la Délégation interministérielle à la ville, conseiller du ministère, déstabilisé, dénonce « une crise de narcissisme aigüe » et la volonté de « tirer la couverture » à soi, « au détriment des autres marcheurs et des centaines de milliers de personnes qui les ont accompagnés ». Selon lui, il n’y a pas de place pour le « star system ». Argument qui prête à sourire, vu la profusion de portraits de marcheurs exagérément personnalisés dans les journaux, l’édition et les médias audiovisuels, telles des vedettes sur le retour. Sans oublier l’agitation autour du film grand public La Marche de Nabil Ben Yadir et les facéties de la star Jamel Debbouze qui, le temps de la promotion, accapare les esprits. Plutôt indulgents avec cette fiction cinématographique — qui restitue de manière approximative le déroulé de la Marche et se permet quelques anachronismes – plusieurs marcheurs « historiques » se targuent de raconter « la vraie histoire qui a inspiré le film ». Mais à force de mixer réalité et fiction, cela tourne au simulacre. Ainsi, le livre La Marche de Christian Delorme — alias « le curé des Minguettes » — paru à l’automne 2013 chez Bayard, reprend le titre et le logo du film, mélange photographies d’époque et visuels tirés de la fiction. Sa couverture, elle, reproduit plein pot le portrait d’acteurs de cinéma fourni par la production. La confusion induite par cette emprise de la fiction sur la réalité trouble l’entendement.

Or l’héroïsation n’a pas pris. Le film, programmé sur plus de quatre cents écrans, et annoncé par des avant-premières bondées, s’est soldé par un flop commercial et a vite été retiré des salles. Ce plantage à la mesure du désenchantement ambiant conforte ceux pour qui la Marche ne serait qu’un « épiphénomène », et sa retentissante mais éphémère commémoration quelque chose de suspect. Plutôt qu’une sincère volonté de transmission d’une expérience militante historique, la commémoration répondrait avant tout à la directive du comité interministériel des villes recommandant le 19 février 2013 de conduire un programme national sur la Marche et la mémoire collective des quartiers populaires.

« On ne marche plus ! » ont proclamé certains, se démarquant ainsi de la figure célébrée du « marcheur ». D’autres ont flairé une tentative de réhabilitation des gouvernants socialistes, prêts à sacrifier un SOS Racisme, discrédité pour son OPA inamicale de l’après-Marche, sur l’autel de la réconciliation avec les acteurs associatifs d’aujourd’hui. Pour mieux les coopter. Il a ainsi beaucoup été question d’empowerment citoyen, du « pouvoir d’agir » des habitant-e-s sur la politique de la ville comme sur les enjeux de mémoire. Et les officiels ont pris bien soin de ne pas trop afficher leurs préférences face aux multiples projets de commémoration.

Mais chassez le naturel, le péché mignon de l’interventionnisme « d’en haut » revient au galop. Pour inscrire l’histoire de la Marche et des quartiers populaires dans le « roman national », l’État convoque Pascal Blanchard, un « entrepreneur de mémoire » expert en matière d’expos, de beaux livres et de lobbying. Avec un brin de condescendance vis-à-vis du travail de mémoire déjà entamé par des associations, dont l’auditoire est estimé trop confidentiel. Blanchard, plutôt connu pour ses travaux sur l’imaginaire colonial, est certes contesté par des universitaires. Mais ces derniers n’ont pas à ce jour fait de la Marche un réel objet d’étude. Pas étonnant dès lors qu’elle ne figure pas dans les manuels scolaires. Or, aborder ce chantier impliquera aussi des remises en cause, dont celle de la politique consistant à scinder la prise de parole des jeunes (français) de celle de leurs pères et mères (toujours perçus comme étrangers) ; à opposer la parole, entendue sinon admise, des jeunes « issus » de l’immigration, à celle des luttes de l’immigration (contre la double peine, pour les régularisations, etc.). Ce qui s’est joué à Talbot, Poissy, en 1982-84, s’est perpétué depuis : il est des luttes que l’on construit comme légitimes, et celles considérées illégitimes. La célébration œcuménique de la Marche a aussi pour effet, sinon pour fonction, de condamner les luttes de l’immigration, et d’encourager le clivage générationnel.

Une version d’État est en cours d’élaboration. Plusieurs momentsd’immersion mémorielle en 2013 ont été révélateurs : on a entre autres assisté au coming out de Jean Blocquaux, conseiller de la secrétaire d’État Georgina Dufoix, se targuant d’avoir été la cheville ouvrière de « l’alliance improbable » entre le gouvernement et les marcheurs. Sur sa lancée, il a dévoilé des secrets de polichinelle comme le financement public de la Marche ; il a aussi affirmé avoir lui-même organisé les assises des jeunes issus de l’immigration à Villeurbanne en juin 1984. Les associations autonomes, force invitante de ces mêmes assises, apprécieront ! Ce serviteur de l’État s’attribue ainsi l’esprit d’initiative et renvoie aux marcheurs — et au « mouvement beur » en général — leur prétendue incapacité chronique à s’entendre et à s’organiser. Dans ce type de récit institutionnel, les expériences autonomes, y compris en matière de patrimonialisation des luttes, sont gommées, consignées aux poubelles de l’histoire.

L’enjeu est bien celui-ci : prolonger l’autonomie des récits de la Marche jusque dans sa commémoration. Les protagonistes ne se laissent pas faire. Pour nombre d’entre eux, il ne s’agit pas d’écrire une histoire parallèle, une « contre-histoire », mais d’avoir eux aussi voix au chapitre sur leur histoire, sans taire singularités et discordances. Dans cette optique, l’agence IM’média avait dans le cadre de la grande exposition « Les enfants de l’immigration » à Beaubourg en 1984, créé un espace autonome intitulé « Révoltes positives : un patrimoine commun de luttes », où avait notamment été multi-diffusé le film Minguettes 1983 : paix sociale ou pacification [7]. Depuis, plusieurs individus et groupes ont commencé un travail d’inventaire et de valorisation de leurs archives, avec l’appui notamment de l’association Génériques. Des tentatives de rapprochement entre militants, universitaires et professionnels de la documentation ont aussi eu lieu en 2013. À Marseille par exemple, le collectif Mémoire en Marche s’est constitué en ce sens, et participe à la biennale du Réseau pour l’histoire et la mémoire des immigrations et des territoires en Provence-Alpes-Côte d’azur. À la BDIC (Bibliothèque de documentation internationale contemporaine) de Nanterre, le dépôt des archives du MIB (Mouvement de l’immigration et des banlieues) par la nouvelle association L’Écho des cités a donné lieu à un projet de collaboration pluridisciplinaire entre le laboratoire « les Passés dans le présent » de l’université Paris Ouest Nanterre, des archivistes de la BDIC et des militants, avec la « volonté explicite de produire un savoir historique sur leur(s) parcours » [8].

Ces différents chantiers vont-ils pouvoir s’inscrire dans la durée, et surtout être appropriés par les générations qui viennent, et faire ainsi œuvre de socialisation ? En 2013, ils ont bénéficié d’une certaine attention de l’État. Cependant, la commande publique et ses usages politiques peuvent s’avérer versatiles, faire l’objet de revirements à la suite de rapports de force mouvants dans la société civile, ou entre ministères. La frilosité actuelle face aux montées chauvines en témoigne. Ainsi, sauf François Lamy, il n’y a pas eu d’autre dirigeant qui soit monté au créneau avec une parole publique forte pour la date anniversaire du 3 décembre. Comme si,in fine, le malentendu sur les « Beurs » perdurait : plutôt que d’inciter l’ensemble de la société à faire sien l’héritage de la Marche, on renvoie les héritiers de l’immigration à leur enfance et leurs banlieues, à leur passé perdu et leurs quartiers relégués, au plus loin de la société.

Post-scriptum

Mogniss H. Abdallah est journaliste et réalisateur, collaborateur du journalSans Frontière (1979) et de Radio Soleil Goutte d’Or (1981), initiateur des concerts « Rock against Police » et fondateur de l’agence IM’média en 1983, réalisateur de documentaires (dont Douce France, la Saga du mouvement beur, 1993), impliqué dans le mouvement des télés libres (Zalea TV – 2000) et auteur des livres Jeunes immigrés hors les murs (EDI, 1982),J’y suis, j’y reste ! (Réflex, 2000) et Rengainez on arrive (Libertalia, 2012)

Notes

[1Cf. Abdellali Hajjat, La Marche pour l’égalité et contre le racisme, éd. Amsterdam, 2013.
[2Pour un inventaire des initiatives, cf.http://marcheegalite.wordpress.com.
[3Cf. Mogniss H. Abdallah, Rengainez, on arrive !, ed. Libertalia, 2012.
[4Christophe Granger, Hiver 32. De Tremblay à Saint-Denis : la marche des chômeurswww.educationpopulaire93.fr/spip.ph….
[5In La Marche en héritage, Africultures n° 97.
[6La Marche pour l’égalité, éd. de l’Aube, novembre 2013.
[7La version remastérisée est disponible surhttp://youtu.be/zw1v6htOQGo.

[8Franck Veyron, Le Dépôt à la BDIC des archives sauvegardées par l’association L’Echo des cités, in 1983, La Marche pour l’égalité et contre le racisme, dossier de la revueMigrance n° 41, 1er semestre 2013.