« Sans la musique, la vie serait une erreur. » Nietzsche
Partant du constat que la musique parle à tous, et qu’elle dépasse les frontières, ce site souhaite illustrer les interactions nombreuses, diverses et vivaces entre la musique, ou plutôt les musiques, et l’immigration portugaise. En effet, elles ont joué un grand rôle parmi les Portugais de France, lesquels, en retournant au Portugal, ont à leur tour influencé les pratiques musicales de leur pays d’origine. Dès les débuts de l’immigration, les musiques traditionnelles portugaises, fortement liées aux régions d’origine des immigrés, accompagnent les moments difficiles du voyage, qui signifie souvent un déracinement, et restent le lieu d’une mémoire intime et indélébile. Dans certains villages, des chants racontent à ceux qui sont restés, et qui peut-être émigreront, la vie « d’en France » et vont jusqu’à rendre familiers les noms de certaines localités de la région parisienne. En France, la musique est partie prenante des moments de sociabilité indispensables de l’immigration, où elle rime avec entraide, rencontre et parfois politisation et syndicalisation. Surtout lorsque les chanteurs « d’intervention » des années 60 et 70 viennent chanter dans les fêtes portugaises, les bidonvilles et les usines, pour sensibiliser à la violence de la dictature, aux atrocités des guerres coloniales et au musellement de la liberté d’expression. C’est à Paris que sont nées certaines musiques emblématiques comme Grândola Vila Morena ou encore Avante ! Rythmée par le va-et-vient des immigrés entre les deux pays, la musique se métisse et s’enrichit au gré des influences et des modes. C’est d’une manière très vivante – loin d’une simple perpétuation ou transmission neutre – que ces musiques populaires, vocales ou instrumentales, accompagnées de danse ou non, se sont pratiquées, reflétant leur contexte de production, cristallisant les besoins collectifs et les sensibilités individuelles, générant toute une économie. Avec le boom associatif des années 80, les associations de folklore portugais se multiplient en France, constituant aujourd’hui encore parmi les plus jeunes un lieu-clef pour la pratique de la langue portugaise. Des groupes de rock et de rap se forment dans la 2ème génération qui, les week-ends, fréquente parfois les discothèques portugaises, tandis que les chanteurs de fado se réunissent dans la pénombre des restaurants de la région parisienne, faisant des émules parmi les auditeurs français…
Pour cette navigation, espérons que vous n’avez pas les portugaises ensablées ! (Cette expression idiomatique française qui signifie « être sourd » renvoie au fait qu’au XIXe siècle on appelait les huîtres « des portugaises », une des espèces venant du Portugal. Leur forme évoquant celle des oreilles).
« Sem a música, a vida seria um erro. » Nietzsche
Partindo do princípio que a música diz a todos e passa as fronteiras, este sítio pretende ilustrar as múltiplas interacções existentes entre a música, ou antes, as músicas e a imigração portuguesa. Músicas essas que desempenham um papel importante no seio dos Portugueses de França sendo que estes, quando regressam a Portugal, por sua vez influenciam as práticas musicais do país natal. As músicas tradicionais portuguesas, fortemente ligadas às regiões de origem dos e/imigrantes, sempre acompanharam os momentos difíceis da viagem, que muitas vezes é sinónimo de desenraizamento, e continuam a funcionar como lugares de uma memória íntima e indelével. Em certas aldeias, os cantos contavam a “vida em França” àqueles que ficavam e que emigrariam mais tarde, chegando a tornar familiares os nomes de certas localidades da região parisiense. Em França, a música continua a fazer parte integrante dos momentos de sociabilidade indispensáveis da imigração, rimando com entreajuda, encontro e, por vezes, politização e sindicalização. Sobretudo quando, nos anos 1960 e 1970, os cantores de intervenção cantavam nas festas portuguesas, nos bidonvilles e nas fábricas, procurando sensibilizar os seus compatriotas contra a violência da ditadura, as atrocidades das guerras coloniais e a falta de liberdade de expressão. Foi assim que em Paris nasceram músicas emblemáticas como Grândola Vila Morena e Avante ! Com o tempo, as músicas foram-se transformando e enriquecendo ao ritmo do vaivém entre ambos os países e ao sabor das influências e das modas. A prática das músicas populares, vocais ou instrumentais, acompanhadas de dança ou não, situa-se muito para além de uma simples perpetuação ou de uma transmissão neutra. Elas reflectem o seu contexto de produção, cristalizam necessidades colectivas e sensibilidades individuais além de gerarem toda uma rede económica. Para os mais jovens, as associações de folclore português, que se multiplicaram nos anos 1980 acompanhando assim o boom associativo da época, ainda hoje constituem espaços de prática da língua e da cultura portuguesas. Entretanto, na segunda geração, também se foram formando grupos de rock e de rap. Actualmente, são muitos os jovens que, aos fins-de-semana, frequentam discotecas portuguesas enquanto os cantores de fado se reúnem na penumbra dos restaurantes da região parisiense e ganham aficionados no seio do público francês…